terça-feira, agosto 30, 2005


Arganil 2006 – 2010
Absolutamente imprescindível
(1ª parte)



Aprovação final da proposta de revisão do PDM;

Elaboração dos Planos de pormenor para as zonas da Ribalta, Avenida dos Carecas, Vale de Zebras e Portelinha;

Candidatura PRAUD para a constituição de um novo Gabinete Técnico Local, para elaboração do Plano de Pormenor de Salvaguarda do aglomerado do Piódão e plano de valorização dos núcleos urbanos ribeirinhos (Coja, Vila Cova, Barril, Pomares e Pisão);

Aprovação e implementação do Plano Municipal de Defesa da Floresta contra incêndios;

Aprovação do Plano de Ordenamento da Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor e sua ampliação para o Vale do Carcavão;

Revisão do PROZAG;

Reabilitação / Construção das ETAR´s de Arganil (em curso ainda em 2005), Coja, S. Martinho da Cortiça, Vila Cova de Alva, Barril de Alva e Pomares;

Construção do Polidesportivo e das Piscinas Municipais de Arganil (já existe projecto);

Conclusão do Parque Urbano do Sub-Paço em Arganil e do Vale em Coja;

Desenvolvimento do plano de aproveitamento Turístico da albufeira das Fronhas;

Nova extensão do Centro de saúde de S. Martinho da Cortiça;

Reconversão para infraestruturas de apoio ao Turismo, do património edificado público devoluto – escolas e casas florestais.

Classificação e defesa das paisagens de socalcos;

Dinamização do Pavilhão de Vale de Zebras, aproveitando a sua versatilidade para eventos expositivos, comerciais e culturais;

Implantação de piso de relva sintética no campo Dr. Eduardo Ralha;

Requalificação urbana da Vila de Arganil III - reconversão em espaço pedonal do trajecto Igreja Matriz – Pelourinho, incluindo o Largo; Arranjo do Paço grande (já existe projecto)

Reconversão do antigo Quartel da GNR em Museu arqueológico (já existe projecto) e da Escola de Adães Bermudes em Museu da Imprensa Regional;

Reactivação das escavações arqueológicas na Lomba do Canho e intervenção na capela de S. Pedro;

Recuperação e abertura do Cine-teatro Alves Coelho.

terça-feira, agosto 09, 2005


A lista socialista

Numa abordagem teórica, o PS, porque é poder neste momento, teria a tarefa facilitada, quanto à escolha e à elaboração das listas de candidatos, certo?
Errado.
Acontece que dada a não-recandidatura de Rui Miguel Silva, o partido passou por uma certa orfandade, muito pela não-preparação de um candidato que se demonstrasse ao eleitorado como escolha natural de continuidade ou quanto muito de ruptura pacífica.

Assim a primeira preocupação terá sido de rapidamente fazer surgir um candidato forte, que permitisse reconquistar de novo, pela terceira vez consecutiva um concelho tradicionalmente laranja, em eleições nacionais. Importa aqui referir que o PS só ganhou por três vezes eleições autárquicas em Arganil, duas com Rui Silva e uma com Maia Vale (sendo já Rui Silva, vice-presidente na altura) e que em eleições legislativas só em 1976, não ganhou o PSD. Mesmo nas últimas, com maioria absoluta do PS, o PSD ganhou em Arganil...

Surge então o convite ao engenheiro civil António Simões, independente, que esteve muito perto de ser candidato à Câmara, então pelo PSD, em 2001. Incompatibilidades internas terão inviabilizado tal avanço.
Trata-se de um conceituado técnico dos quadros de uma grande empresa de construção e obras públicas (SOMAGUE), que tem no seu currículo, a responsabilidade de obras de referência como o Estádio do Dragão ou a nova Basílica de Fátima, entre outras, sendo a experiência o mais forte trunfo a apresentar ao eleitorado de Arganil. Dado ter desenvolvido a sua actividade fora de Arganil, só recentemente com o início das andanças políticas se tornou mais conhecido fora dos limites da Vila-sede do Concelho.

Decorrente do facto de ser independente, aparentemente terá sido acordado com o partido, que seria a estrutura local a escolher o segundo da lista, obrigatoriamente militante. Após prolongada especulação, surgiu o nome do advogado Fernando Castanheira, que apesar de ter já assumido lugares de relevância política no partido e em cargos públicos, desenvolveu toda esta actividade no Baixo Alentejo, tornando-se assim, num ilustre desconhecido ao olhos do eleitorado (exceptuando na vila de Coja, onde vive e exerce também advocacia o seu irmão-gémeo, actual deputado municipal).

Em terceiro lugar aparece a maior surpresa deste acto eleitoral, com o nome da actual directora do Gabinete Técnico de Arganil e ex-esposa do actual presidente da Câmara, a engenheira civil Fernanda Silva. Aqui poderá realmente surgir um factor catalizador da candidatura, dado o reconhecido empenho e vocação da candidata para as nuances de uma campanha eleitoral e boa empatia com a população. Tem a seu favor o facto de exercer a sua actividade profissional no concelho há décadas e de conhecer bem o território. Será curioso ver que tipo de reacção terá o eleitorado a esta disponibilidade, dada a anterior ligação ao actual Presidente.
Completam a lista Dúlio Pimenta - responsável pela área financeira no actual executivo e única ligação ao período Rui Silva, que consegue ter neste momento maior implantação e simpatia no eleitorado do que tinha em 2001, fruto de regulares representações da Câmara em diversos e recorrentes eventos, em substituição do Presidente e Ramiro Jorge, filho do actual Presidente da Junta de Arganil, professor do ensino básico e Presidente da Casa do Benfica de Arganil.

Por conseguinte, aspectos positivos:

Imagem de experiência e capacidade técnica do candidato, alicerçada em obras de referência nacional

Antecipação na divulgação da candidatura, colocação de outdoors, organização de eventos temáticos (festa da juventude) e abertura de sede de candidatura.

Escolha de candidato forte para a Assembleia Municipal, o advogado Ricardo Castanheira.


Candidatos com boas perspectivas em freguesias importantes e actualmente do PSD, como Sarzedo e Arganil.

Ressurgimento da JS-Arganil, a sua participação nas listas e seu previsível envolvimento nas acções de campanha

Enquadramento político governamental de sinal favorável e disponível.


aspectos negativos

Dificuldades aparentes de ligação da estrutura do aparelho partidário concelhio (máquina) com o estatuto independente do candidato.

Estratégia de distanciamento quanto à acção do actual executivo, podendo ser pouco compreensível na base de apoio pessoal ao actual Presidente.

Não-apresentação, até à data, de listas a todas as freguesias e afastamento de candidatos-âncora em freguesias actualmente PS (Anceriz e Benfeita)

Eventual dispersão de preciosos votos, para a candidatura CDU, sobretudo em Arganil-vila.


Necessidade de rápida injecção de dinâmica na campanha, para aumentar os índices de reconhecimento dos candidatos.

Ausências importantes na lista para a Assembleia Municipal (escolhas do candidato ou da concelhia?)

Eventual reflexo de descontentamento nas urnas locais, por medidas impopulares do Governo PS

Estas análises serão actualizadas sempre que achar pertinente, estando obviamente disponível para aproveitar as opiniões de todos os interessados que se manifestem




As listas de Arganil

Como na generalidade do País, também em Arganil se sente o borbulhar da emoção eleitoral de outubro. Neste caso concreto, e após normais e prolongadas especulações, vieram a público, recentemente, as propostas de elenco executivo para a Câmara, dos únicos partidos que podem aspirar a governar.

Hoje trato da lista do Partido Social Democrata.

A lista do PSD é encabeçada pelo Engenheiro Químico Ricardo Pereira Alves (RPA), jovem sub-30, fortemente ligado ao aparelho do partido e às suas mais representativas figuras regionais, de Paulo Pereira Coelho a Jaime Soares, passando pelo ex-Governador Civil de Coimbra, Fernando Antunes, de quem foi seu Chefe de Gabinete. Em caso de vitória, seria de facto, um admirável exemplo de ascensão política, alicerçado porém, não na experiência em cargos executivos ou em reconhecimento profissional, mas sim em circunstãncias políticas e conjunturais favoráveis, estratégias de corredor e pelo importante facto de pela primeira vez em muitos anos o PSD, se apresentar (aparentemente) unido, dada a perspectiva de sucesso. Acontece mesmo o caso (se não inédito, pelo menos raro) de um ex-Presidente da Câmara, João M. Oliveira, se candidatar à Junta de Freguesia de Coja, terra de Fernando Vale, tradicionalmente socialista...

Nestas condições, seria de esperar que os nomes propostos para acompanhar RPA, complementassem, de alguma forma, a sua imagem de clara inexperiência. Surge então como número dois, o Dr. Avelino Pedrosa, director do Centro de Saúde de Arganil e ex- Presidente da Junta de Pombeiro da Beira. Homem de forte implantação no Baixo Concelho, por motivos profissionais e não por acção executiva autárquica.

Nestas regiões, é inquestionável a importância e poder de influência da classe médica, que raramente deixa de participar, pela facilidade em chegar ao mais íntimo de cada eleitor, sobretudo no caso dos mais idosos... Resta saber se, em caso de vitória, o dr. Avelino P. ocupará ou não o lugar de Vice-Presidente, abandonando o cargo que ocupa. Não acredito.

No restante, a lista apresenta o nome de um Dr. Cardoso, praticamente desconhecido em termos concelhios (exceptuando a zona de Coja) mas com forte currículo no desempenho de cargos ligados a Instituições de Segurança Nacional, recentemente até no âmbito do Euro 2004. Compõem o restante, o Dr. Luís Paulo de S. Martinho da Cortiça, presidente de uma Associação Juvenil local e a Dra. Paula Diniz, farmacêutica filha do ex-Presidente da Câmara, Dr. Diniz Cosme.

Concluindo, pontos fortes:

Para se ser Presidente da Câmara não basta querer, é preciso estar quase obcecado por consegui-lo, e a ideia que transparece é que RPA, quer , está fortemente motivado e trabalha para isso.

Dinâmica de vontade e unidade em volta da candidatura, aparente comunhão de esforços entre a candidatura e o partido.

Dispersão geográfica dos candidatos.

Candidaturas em todas as freguesias, exceptuando em situações em que foram negociadas porveitosas candidaturas independentes, sobretudo em casos de freguesias PS (Coja e Moura da Serra).

Caso se confirme, a fortíssima candidatura de Manuela Ferreira Leite para a Assembleia Municipal.


Pontos fracos:

Candidato com clara imagem de inexperiência, não pelo factor idade em si, mas por via do pouco representativo percurso profissional e político executivo.

Nenhum dos candidatos da lista PSD tem, no seu percurso profissional ou político, qualquer contacto prático executivo, com a gestão autárquica (exceptuando o caso do Dr. Avelino P. em termos de Junta de Freguesia).

Tendo em conta a actividade municipal e as expectativas dos munícipes, é muito estranho e eventualmente penalizador não haver, na lista para o executivo, nenhum elemento com a mais leve ligação profissional ou académica com o sector do Urbanismo ou das obras municipais (engenharia civil, arquitectura, etc.). Da mesma forma, falta um nome forte em termos económico-financeiros.

Sensação de construção da lista não como um todo, mas em avulso, em função da perspectiva de votos de cada nome (enfermidade generalizada em todas as listas, de todos os partidos, em todas as eleições...), correndo a impressão que os nomes fortes de influência na acção executiva, surgirão no período pós-eleitoral, permitindo actuais especulações em torno de nomes conhecidos, referências de anteriores períodos autárquicos de gestão PSD.


Brevemente, análise às listas do Partido Socialista.

terça-feira, julho 26, 2005



fale para o hygiaphone!


Fogo na caixa dos postais

Nos últimos dias da passada semana arderam cerca de 4 000 ha no concelho de Arganil, na sua maior parte, integrados na Freguesia do Piodão.

A relevância da localização inicial da ignição, do percurso do fogo, da estratégia de combate, dos meios envolvidos ou do espaço temporal que levou à sua circunscrição é grande, mas neste caso concreto, o que importa neste momento perceber é a crucial importância da especificidade da área ardida e o alcance das suas implicações directas e indirectas.

O Piodão vem sendo referenciado como reconhecida imagem de marca turística, cartão de visita de toda uma Região, utilizada pelas mais variadas instituições públicas e privadas como símbolo corporativo, como exemplo de equilíbrio arquitectónico, de plena integração no meio, de remoto refúgio ou de pólo de cultura tradicional e eco-lazer.

Para além disso, é Aldeia Histórica, classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto Lei nº 95/78 de 12 de Setembro, que lhe confere um especial estatuto, nomeadamente no que às edificações diz respeito, transpondo para o IPPAR, e muito bem, o parecer vinculativo sobre toda e qualquer intervenção.

A questão é que, a experiência-Piodão, transcende a pura e simples visita à aldeia, é antes de mais um longo despertar dos sentidos, decorrente do percurso panorâmico da EM344, desde Coja, que vai permitindo estender o olhar pelos grandes horizontes da bacia do Rio Alva, bem como para o coração da Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor.
Mas é mais.
È também o descobrir do elevado valor arqueológico dos achados em Chãs d’Égua e de outros aglomerados de montanha encavalitados em socalcos construídos a pulso, é o reconhecer de actividades intemporais que teimam em resistir aproveitando as últimas forças de uma escassa população demasiado envelhecida, e é também agora, o despertar da consciência colectiva, no que à necessidade de estratégias de sustentabilidade diz respeito, pela instalação da energia eólica na Serra do Açor.

Tudo isto está, neste momento, posto em causa.
Importa desde já perceber que O POSTAL ILUSTRADO DA REGIÃO CENTRO está indelevelmente marcado por um extenso manto negro, em continuo, sem excepção para uma fotografia individual, quanto mais familiar. É tão simples como isto: ardeu tudo. Um incontornàvel absoluto.

As consequências directas nas populações são brutais, afectando sobretudo a parca economia familiar, complementada pela agricultura de subsistência agora dizimada. Foram-se os pastos, a horta e a floresta. Ficaram as cinzas, as pedras e o que resta das árvores. Nunca se está realmente preparado para uma circunstância destas, realçando um global sentimento de impotência em relação ao elemento, servindo de pouco a velha relação e memória colectiva de e com o fogo. Os anos passam, o ciclo repete-se e os estragos são cada vez maiores.


A amplitude do sofrimento e da angustia é também dilatada pelo excessivo e por vezes desajustado tratamento mediàtico conferido pelos órgãos de comunicação que, em directo das chamas, não concorrem tanto para a informação pura e simples do desenrolar do incêndio e da estratégia de combate, mas sim para o explorar inaceitável das fortes emoções vividas pelos locais e servindo de veio de transmissão do desespero para familiares, emigrantes e amigos, à hora do jantar.

Enfim, estamos todos metidos nisto, os habitantes, os turistas, os agentes, os opinadores e os decisores. A hora é de avaliar perdas e procedimentos, diagnosticar e actuar estrategicamente a todos os níveis. Prioridade às pessoas que nele habitam.
Este território é, tal como outras áreas ardidas, neste momento uma folha, não em branco, mas negra, que aguarda decisões rigorosas e eficazes, prospectivas, sustentadas e imaginativas. Com rasgo.

Esta é, no fundo, a hora de retribuir ao Piodão e à sua Região, todo o turbilhão de sensações e emoções que esta já nos fez sentir. Arderem os socalcos e os castanheiros do Piodão não é a mesma coisa que arder uma qualquer encosta de eucalipto, não pode ser!
Façamos a diferença e juntemos todos os esforços para que se torne este infeliz acontecimento numa referência de recuperação de àreas ardidas no nosso País. Digo isto para além das óbvias expectativas de apoios especiais da Administração Central e dos diversos organismos desconcentrados; chamo aqui as Universidades, os pólos de investigação técnica e social, os agentes turísticos e culturais, os artistas plásticos e demais interventores, para que em conjunto com as populações e com os decisores políticos locais possamos ser acertivos e eficazes.

Aquela Paisagem demorou milénios a construir-se. Demore-se por ela o tempo que for preciso.