terça-feira, agosto 09, 2005


A lista socialista

Numa abordagem teórica, o PS, porque é poder neste momento, teria a tarefa facilitada, quanto à escolha e à elaboração das listas de candidatos, certo?
Errado.
Acontece que dada a não-recandidatura de Rui Miguel Silva, o partido passou por uma certa orfandade, muito pela não-preparação de um candidato que se demonstrasse ao eleitorado como escolha natural de continuidade ou quanto muito de ruptura pacífica.

Assim a primeira preocupação terá sido de rapidamente fazer surgir um candidato forte, que permitisse reconquistar de novo, pela terceira vez consecutiva um concelho tradicionalmente laranja, em eleições nacionais. Importa aqui referir que o PS só ganhou por três vezes eleições autárquicas em Arganil, duas com Rui Silva e uma com Maia Vale (sendo já Rui Silva, vice-presidente na altura) e que em eleições legislativas só em 1976, não ganhou o PSD. Mesmo nas últimas, com maioria absoluta do PS, o PSD ganhou em Arganil...

Surge então o convite ao engenheiro civil António Simões, independente, que esteve muito perto de ser candidato à Câmara, então pelo PSD, em 2001. Incompatibilidades internas terão inviabilizado tal avanço.
Trata-se de um conceituado técnico dos quadros de uma grande empresa de construção e obras públicas (SOMAGUE), que tem no seu currículo, a responsabilidade de obras de referência como o Estádio do Dragão ou a nova Basílica de Fátima, entre outras, sendo a experiência o mais forte trunfo a apresentar ao eleitorado de Arganil. Dado ter desenvolvido a sua actividade fora de Arganil, só recentemente com o início das andanças políticas se tornou mais conhecido fora dos limites da Vila-sede do Concelho.

Decorrente do facto de ser independente, aparentemente terá sido acordado com o partido, que seria a estrutura local a escolher o segundo da lista, obrigatoriamente militante. Após prolongada especulação, surgiu o nome do advogado Fernando Castanheira, que apesar de ter já assumido lugares de relevância política no partido e em cargos públicos, desenvolveu toda esta actividade no Baixo Alentejo, tornando-se assim, num ilustre desconhecido ao olhos do eleitorado (exceptuando na vila de Coja, onde vive e exerce também advocacia o seu irmão-gémeo, actual deputado municipal).

Em terceiro lugar aparece a maior surpresa deste acto eleitoral, com o nome da actual directora do Gabinete Técnico de Arganil e ex-esposa do actual presidente da Câmara, a engenheira civil Fernanda Silva. Aqui poderá realmente surgir um factor catalizador da candidatura, dado o reconhecido empenho e vocação da candidata para as nuances de uma campanha eleitoral e boa empatia com a população. Tem a seu favor o facto de exercer a sua actividade profissional no concelho há décadas e de conhecer bem o território. Será curioso ver que tipo de reacção terá o eleitorado a esta disponibilidade, dada a anterior ligação ao actual Presidente.
Completam a lista Dúlio Pimenta - responsável pela área financeira no actual executivo e única ligação ao período Rui Silva, que consegue ter neste momento maior implantação e simpatia no eleitorado do que tinha em 2001, fruto de regulares representações da Câmara em diversos e recorrentes eventos, em substituição do Presidente e Ramiro Jorge, filho do actual Presidente da Junta de Arganil, professor do ensino básico e Presidente da Casa do Benfica de Arganil.

Por conseguinte, aspectos positivos:

Imagem de experiência e capacidade técnica do candidato, alicerçada em obras de referência nacional

Antecipação na divulgação da candidatura, colocação de outdoors, organização de eventos temáticos (festa da juventude) e abertura de sede de candidatura.

Escolha de candidato forte para a Assembleia Municipal, o advogado Ricardo Castanheira.


Candidatos com boas perspectivas em freguesias importantes e actualmente do PSD, como Sarzedo e Arganil.

Ressurgimento da JS-Arganil, a sua participação nas listas e seu previsível envolvimento nas acções de campanha

Enquadramento político governamental de sinal favorável e disponível.


aspectos negativos

Dificuldades aparentes de ligação da estrutura do aparelho partidário concelhio (máquina) com o estatuto independente do candidato.

Estratégia de distanciamento quanto à acção do actual executivo, podendo ser pouco compreensível na base de apoio pessoal ao actual Presidente.

Não-apresentação, até à data, de listas a todas as freguesias e afastamento de candidatos-âncora em freguesias actualmente PS (Anceriz e Benfeita)

Eventual dispersão de preciosos votos, para a candidatura CDU, sobretudo em Arganil-vila.


Necessidade de rápida injecção de dinâmica na campanha, para aumentar os índices de reconhecimento dos candidatos.

Ausências importantes na lista para a Assembleia Municipal (escolhas do candidato ou da concelhia?)

Eventual reflexo de descontentamento nas urnas locais, por medidas impopulares do Governo PS

Estas análises serão actualizadas sempre que achar pertinente, estando obviamente disponível para aproveitar as opiniões de todos os interessados que se manifestem

14 Comments:

At 9:19 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Saúdo a existência deste blog e a qualidade dos posts colocados, fazendo votos para que a análise dos mesmos seja feita de forma elevada e construtiva para o nosso Concelho.

Quanto à composição das listas já conhecidas, sou da opinião que os nomes e curriculum apresentados pelos elementos do P.S. são sem duvida algumas mais fortes que os apresentados pelas pessoas do P.S.D., a quem falta experiência pessoal e profissional para o desempenho de funções tão importantes como as autárquicas.

 
At 12:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 1:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 1:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 1:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 3:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

então o Castanheira nem é referido como um bom nome para cabeça de lista à assebleia municipal de arganil ??
Não é desejado ? Então porque foi escolhido?

 
At 3:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Enão não acham o Ricardo Castanehira um nome forte para cabeça lista da Assembleia Municipal?
Então pq o escolheram ?

 
At 5:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

caro anonimo

se ler bem o texto, está bem expresso que, na minha opiniao, a escolha de ricardo castanheira é um aspecto positivo, por ser um forte candidato, ora leia com atenção
abraço
mig

 
At 2:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

DASSE, CASTANHEIRA UM BOM CANDIDATO? LEVA UMA TAREIRA DA NOSSA MINISTRA...

 
At 10:10 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Vamos ver no final ...

 
At 11:53 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Parece-me a mim como militante do PS, que não é correcto da parte do Arquitecto Miguel Pinheiro abrir um blog nesta altura do campeonato:
1º - porque ainda é Vereador do actual Exucutivo.
2º - Vai dar a entender que parece que ficou "magoado" por não ter sido escolhido pelo actual candidato.
3º - sabe bem, desde sempre, que a Concelhia não está distanciada em NADA, da CANDIDATURA PS.
4º - Se está preocupado com o decorrrer da pré-campanha,PODE E DEVE dirigir-se à Sede do PS, ou à Sde de Campanha do Engº. António Simões, e expressar o que lhe vai na alma!!!!
A política faz-se com elevação e FRONTALIDADE!!!!!
WINSTON CHURCHILL, disse «os nosssos inimigos estão deste lado, os adversários são os da outra bancada».... Sr. arquitecto, por aqui me fico, pois sei que o Sr. é culto, inteligente, por consequência percebe o que aqui quero dizer....

 
At 5:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Também como apoiante do PS permita-me que discorde do comentarista das 11:53AM.
Numa democracia aberta, agora como desde à décadas, os artigos de opinião são um contributo muito salutar ao debate de ideias e pontos de vista. Não vejo porque alguém se possa sentir ameaçado com uma análise pessoal de uma conjuntura política...
Ainda que seja feita por alguém que já foi mas não é candidato ao Executuvo.

 
At 11:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

caro anonimo das 11:53
para o esclarecer:

os meus comentários, análises, opiniões são feitas numa perspectiva positiva e são por certo, influenciados também pelas minhas concepções política.

nunca pedi, nem intercedi, nem escrevi, nem telefonei, nem visitei ninguém, para ser convidado para qualquer lista, nem para não ser. tal como não pedi a ninguém nas duas eleições autárquicas anteriores, em que fui candidato. não posso por isso, estar magoado com nada. era só o que faltava...


sempre estive com o ps e estas eleições não serão excepção.

apoio clara e inequivocamente as candidaturas do eng. simões e do ps, tendo dado a cara por elas em diferentes circunstancias. ou seja, sempre que para tal fui solicitado.

meu caro,
frontalidade é, apesar de tudo o que lhe disse atrás, dizer o que se pensa, claramente, sem preconceitos e sem ideias pré-concebidas, pela positiva, pluralmente. e assumi-lo.
o meu caro sabe quem eu sou, eu não sei quem o meu caro é, mas por mim, tenho-o com muito prazer neste espaço.

elevação é ter a preocupação de opinar respeitando a todos na sua integridade cívica e individual.

nem inimigo nem adversário, mas solidário e sobretudo livre.


um grande abraço
mig

 
At 12:19 da manhã, Blogger Unknown said...

Descobri agora - fora de tempo -este teu blog e adorei o último post. Também não sabes quem sou, mas segunito-me a pista (se te desres ao trabalho) descobres. Não é relevante. Relevante é mesmo aquilo que dizes: ser livre.
E livrasres-te, nem que seja por falta de convite, de quem te queira amarrar.

Um abraço deste teu admirador.
Igualmente livre.

 

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